Dois exames rápidos e que podem ser feitos na rede pública de saúde são o maior aliado na prevenção de uma doença que atinge milhões de brasileiros: a insuficiência renal.
Os especialistas alertam que identificar o problema cedo é a melhor maneira de evitar as sérias complicações.
Há dois anos, o equipamento faz o que os rins de seu Israel Marcelino Dantas não conseguem mais: filtrar o sangue do ex-manobrista. Foi por acaso que ele descobriu o problema. “Na casa da cliente eu comecei a passar mal. Eu achei que seria um problema qualquer, uma comida ou algo assim”, disse.
Era tarde demais. A hipertensão já tinha comprometido as funções renais. O seu Israel ainda tenta se acostumar à ideia de que a vida depende de uma máquina e mantém a esperança de que tudo acabe bem. “Existe uma coisa muito boa que é o transplante e eu tenho esperança que vou sair dessa”, falou.
No Estado de São Paulo, dez mil pessoas aguardam o fim dessa agonia na fila para transplante de rim. Mas, por ano, apenas 800 conseguem.
“A preocupação é mostrar para a população em geral que é possível ter a doença, que é possível tratar a doença e impedir a evolução para a insuficiência renal”, explicou João Damásio Simões, diretor de clínica nefrologia.
Enquanto o transplante não chega, centros de hemodiálise como o da Lapa são a segunda casa de pacientes com insuficiência renal. As salas estão sempre cheias das 5h30 às 20hs. São sessões de quatro horas, três vezes por semana. Para alguns, essa é a rotina há mais de 20 anos. Mas muitos pacientes não precisariam enfrentar tudo isso se soubessem do problema mais cedo.
De acordo com a Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo; de cada dez adultos, um tem insuficiência renal. Mas 90% não sabem.
“É considerada uma epidemia mundial em função de ser uma doença grave e silenciosa. Nos estágios iniciais não apresenta qualquer sinal ou sintoma, mas pode determinar a morte precoce ou a perda total dos rins se não for diagnosticada precocemente”, esclareceu Altair Lima, presidente da Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo.
São considerados grupos de risco diabéticos, hipertensos, pessoas com doentes renais na família, obesos e portadores de doenças sistêmicas, como hepatite e lúpus.
Exames simples podem revelar o problema, como o de urina e o de sangue, que avalia a concentração de creatinina. Foram esses os pedidos do médico que atendeu a dona de casa Leonor de Souza Santana. Ela tem pressão alta. No momento da consulta ela estava com 18 por 11. Ficou preocupada e quer evitar complicações. O Estado de São Paulo tem hoje três milhões de pessoas com insuficiência renal.
Fonte: Rede Globo SPTV